Texto Áureo: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1 Ts 5.23)
Leitura Bíblica em Classe:
Gênesis 1.26-28; 2.7,18,21-23
Introdução: Assim como uma obra de arte revela a identidade de seu criador, a criação manifesta a natureza de Deus. Seu poder eterno e Sua divindade são inegavelmente visíveis em Suas obras. Todas as coisas e seres foram formados por meio de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Foram as mãos do Filho de Deus que teceram o azul das cortinas que pairam sobre nós, e as encheram de grandes luzeiros. Os mares são d'Ele; Ele os fez e os preencheu com criaturas vivas. As florestas são produto de Sua mente criativa, e Ele as encheu de flores e pássaros, ensinando-os a viver sem preocupação. Ele plantou o amor no coração da fêmea do passarinho para com os seus filhotes. Pertencem a Ele o gado aos milhares que pastam sobre as montanhas. Por fim, Ele modelou o barro vermelho à Sua própria semelhança e fez o homem. Fomos criados para ter o domínio. Precisamos de Deus para que todas as coisas fiquem debaixo de nossos pés, principalmente as coisas más de nosso coração. O mundo é essencialmente bom e, se formos bons, constataremos que ele realmente o é.
O ser humano,
segundo a visão cristã bíblica, é composto por três partes integradas, formando
um todo completo:
Corpo
É a parte
física, material, que nos conecta ao mundo sensorial. É através do corpo que
sentimos, nos movemos e interagimos com o ambiente. O corpo é temporário e
sujeito à morte física.
Alma
A alma é a
parte que contém nossas emoções, pensamentos, vontades e personalidade. Ela é o
centro da consciência, dos sentimentos e da decisão. A alma pode ser
influenciada pelo corpo ou pelo espírito, e é responsável pela forma individual
de ser de cada pessoa.
Espírito
O espírito é
a dimensão mais profunda do humano, aquela que se conecta diretamente com Deus
e o mundo espiritual. É o canal que permite a comunhão com o Criador, recebendo
vida espiritual. O espírito vivificado se relaciona com Deus e é essencial para
a vida eterna.
Essas três partes — corpo, alma e espírito — são interdependentes e
funcionam juntas para formar a pessoa completa. A Bíblia exorta a buscar
santificação em todos os níveis: corpo, alma e espírito (1 Tessalonicenses
5:23). Priorizar o desenvolvimento espiritual implica cuidar do espírito,
renovar a alma e respeitar o corpo como templo do Espírito Santo. Quando Deus fixa
residência dentro de um crente, Ele inicia o processo da santificação, que é a
transformação progressiva da vida do crente para a semelhança de Cristo. A
santificação é uma obra da graça divina que envolve o espírito, a alma e o
corpo da pessoa
Santificação
do espírito: ocorre na regeneração, quando o
espírito do crente é vivificado. Este é o início do processo, em que o crente
passa da morte para a vida espiritual. Santificação da alma: envolve a
restauração das emoções, intelecto e vontade através da renovação da mente pela
Palavra de Deus. A santificação da alma é progressiva, exigindo crescimento
contínuo e mudança de valores.
Santificação
da alma: envolve a restauração das emoções,
intelecto e vontade através da renovação da mente pela Palavra de Deus. A
santificação da alma é progressiva, exigindo crescimento contínuo e mudança de
valores.
Santificação
do corpo: refere-se à sujeição da carne, à
pureza moral e ao uso adequado do corpo como templo do Espírito Santo. A
santificação do corpo é gradual e será plenamente concluída quando o crente
receber o corpo glorificado na volta de Cristo.
Deus trabalha em todas essas áreas para conservar o crente
íntegro e irrepreensível até o retorno de Jesus (1 Tessalonicenses 5:23-24).
Embora a santificação não alcance a perfeição completa nesta vida, ela é o
processo através do qual Deus está moldando o crente para a glorificação
futura. A cooperação do crente em se submeter à vontade de Deus, buscar a
santidade e aprofundar sua comunhão com Ele é fundamental para essa transformação
contínua.
1. QUANDO DEUS DIZ: FAÇAMOS
O HOMEM, MARCA O ÁPICE DA CRIAÇÃO.
Gênesis 1.26 – E disse
Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine
sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda
a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.
A declaração divina: "Façamos o homem" (Gênesis 1:26) marca o ápice e o ponto de
inflexão da criação. Esta criatura tinha de ser fundamentalmente diferente de
todo o resto. Deus estabeleceu que o homem seria feito "à nossa imagem". Isso indica uma semelhança com a
realidade divina, mas carente de
plenitude. O ser humano é um reflexo, um representante, não uma cópia
completa. O homem devia ser "conforme
a nossa semelhança", que aponta para uma similitude geral com Deus,
mas, crucialmente, não uma duplicata
exata. Não era o objetivo que o homem fosse um "pequeno Deus",
mas que estivesse definitivamente
relacionado com Deus. Essa relação é estabelecida ao dotar o ser humano
de características distintivas
espirituais que o marcam exclusivamente como um ser superior aos
animais. O homem foi criado para ser o portador
da imagem divina na Terra, o único ser capaz de: Consciência
Espiritual: Ter comunhão e relacionamento com o Criador. Racionalidade e Moralidade: Capacidade
de pensar, julgar, criar e fazer escolhas morais. Vontade
e Domínio: A faculdade de governar a Terra de forma responsável,
refletindo a soberania de Deus. Essa distinção nos revela não apenas a nossa posição elevada, mas também a nossa grande responsabilidade: representar o
Criador no mundo que Ele fez.
2.
O DOMÍNIO COMO REFLEXO DA IMAGEM DE DEUS.
Gênesis 1.27 – E criou Deus
o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. Gênesis
1.28 – E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e
enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves
dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
O homem e a
mulher foram criados à imagem de Deus, o que significa que possuem um valor
único e intrínseco, refletindo características divinas como racionalidade,
moralidade, capacidade de amar, criatividade e responsabilidade. Não se trata
de uma semelhança física, pois Deus é espírito, mas de uma representação
espiritual e moral que diferencia a humanidade de outras criaturas. Essa imagem
confere dignidade e respeito a toda pessoa, fundamentando princípios éticos e
sociais. Deus abençoou o homem e a mulher com a missão de frutificar,
multiplicar, encher a terra e dominá-la. Isso implica um chamado para governar
a criação com responsabilidade, cuidando do meio ambiente e exercendo liderança
sobre os animais e recursos naturais. Esse mandato destaca o papel do ser
humano como representante de Deus na terra, com deveres que envolvem cuidado,
administração e colaboração na obra criadora. Assim, Gênesis 1:27-28 fundamenta
a compreensão da dignidade humana e o propósito de exercer domínio responsável
sobre a criação, obedecendo à vontade de Deus e vivendo uma vida de bênção e
fecundidade.
Uma das marcas mais claras da imagem divina conferida ao homem é
o status e o poder de governante.
O direito de dominar (Gênesis
1:28) não é um presente vazio, mas sim a prova de que Deus nos equipou
intrinsecamente para agir como regentes de Sua criação. A aptidão para governar
exige uma capacidade intelectual
adequada. Somos chamados a usar a mente para a administração justa: Argumentar com sabedoria, organizar sistemas de vida
sustentáveis, planejar para o
futuro e avaliar constantemente
o impacto de nossas ações. O domínio é, portanto, um exercício de inteligência
a serviço do bem.
Por fim, o domínio requer uma capacidade volitiva (de vontade) adequada. O regente precisa da força
de caráter para: Escolher fazer a toda
hora o que é certo, independentemente da dificuldade. Obedecer ao mandamento de Deus
indiscutivelmente e sem demora. Entregar
alegremente todos os poderes a Deus em adoração jovial, reconhecendo que
a autoridade é delegada. Participar em uma comunhão saudável com a natureza e com Deus. Dessa forma, a imagem de Deus é a nossa capacidade
de governar de maneira que reflete o caráter de Deus: com inteligência,
amor, moralidade e submissão à Sua vontade. Não somos apenas criaturas; somos
co-participantes divinamente equipados.
3. O SER HUMANO, UMA
COMBINAÇÃO ÚNICA DO CRIADOR.
Gênesis 2.7 – E formou o
Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e
o homem foi feito alma vivente.
O homem é único. Ele é o que é, porque Deus... soprou em seus
narizes o fôlego da vida. Deus nunca fez isso com um animal. O homem é
verdadeiramente único. A razão
de sua singularidade e seu status elevado na criação é resumida no ato
direto e íntimo de Deus: "soprou
em seus narizes o fôlego da vida" Enquanto
os animais foram criados pela Palavra e formados da terra, o ser
humano é o resultado de uma combinação inédita: Formação
Material: O corpo foi modelado do "pó da terra"
(compartilhando, em parte, a origem material dos animais). Infusão
Espiritual: Deus interveio pessoalmente, insuflando o ruach
(espírito/fôlego) da vida diretamente na forma de barro. Deus nunca fez isso com um animal. Essa ação
especial significa que o homem recebeu uma qualidade de vida que o transcende:
O resultado desse sopro não foi apenas um organismo biológico, mas uma "alma vivente". Embora a
Bíblia use essa expressão para animais também, no homem ela se une à imagem de Deus (Gênesis 1:26), criando
um ser com potencial para relacionamento moral e espiritual com o Criador. O
sopro estabeleceu um vínculo pessoal e
direto entre Deus e a humanidade, que não existe com nenhuma outra
criatura. É a fonte da nossa consciência,
racionalidade e eternidade (o que o texto chamou de
"características distintivas espirituais"). Por isso, o homem não é
apenas um animal mais evoluído ou inteligente; ele é tritocomo, ou seja: corpo,
alma e espírito – feita para refletir e se relacionar com seu
Criador. Essa é a base de todo o seu domínio e responsabilidade.
A igreja deve enfatizar que o verdadeiro domínio, delegado por
Deus, começa internamente. A prioridade não é governar o mundo, mas sim dominar as "coisas más de nosso coração"
(egoísmo, ganância, ira). A santificação e o discipulado profundo são,
portanto, o primeiro ato de mordomia. Se não dominarmos nosso coração, nosso
domínio sobre a criação será destrutivo. A igreja deve celebrar a singularidade do ser humano, criado à
imagem de Deus e infundido com o "fôlego da vida. Os crentes são os portadores das características espirituais de
Deus. A nossa vida deve refletir Sua justiça, amor e racionalidade,
servindo como o espelho moral de Deus no mundo.
4. O PERIGO DO ISOLAMENTO E A GRAÇA
DO COMPANHERISMO.
Gênesis 2.18 – E disse o
Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que
esteja como diante dele. Gênesis 2.21 – Então, o Senhor Deus fez cair um sono
pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas e cerrou a
carne em seu lugar. Gênesis 2.22 – E da costela que o Senhor Deus tomou do
homem formou uma mulher; e trouxe-a a Adão. Gênesis 2.23 – E disse Adão: Esta é
agora osso dos meus ossos e carne da minha carne; esta será chamada varoa,
porquanto do varão foi tomada.
O relato da criação atinge um ponto onde, pela primeira e única
vez, Deus avalia Sua obra e declara que um aspecto "não estava totalmente satisfatório": "Não é bom que o homem esteja só" O
diagnóstico divino é claro: o isolamento
é prejudicial. O homem, mesmo em um Paraíso perfeito e em comunhão com
Deus, estava incompleto em sua dimensão social e relacional. Por dedução, a relação social, o companheirismo, é intrinsecamente bom
e necessário para a plenitude humana. Deus, então, determina prover a solução
para essa carência. Deus se propôs a fornecer ao homem uma adjutora que esteja como diante dele. Essa
frase, que define o papel da mulher, é fundamental e rica em significado: "Adjutora" (Ajudante): A
palavra hebraica ezer não implica inferioridade. É frequentemente usada
na Bíblia para descrever o próprio Deus, como nosso socorro e auxílio (Salmo
121:2). O termo sugere força, auxílio e
cooperação. A mulher é a ajuda essencial que o homem precisa para
cumprir sua vocação. "Que esteja
como diante dele" / "Que lhe correspondesse":
Literalmente, significa "aquela que está face a face com ele" ou
"aquela que corresponde a ele". Essa adjutora não é uma subordinada,
mas sim alguém que fosse igual e
adequada para ele. Ela é um reflexo do homem, mas com uma perspectiva
distinta. Ela
é: Complementar: Ela traz o que falta para que o homem atinja a sua plenitude em todos os aspectos
(emocional, espiritual e no exercício do domínio). Apropriada: Ela possui a natureza humana e a imagem de Deus, como o
homem, mas em um formato que o desafia, o apoia e o completa. É "uma ajudante certa que o
complete." A maneira como Deus forma a mulher reforça essa idéia de
igualdade e unidade: Deus faz o homem cair em profundo sono, retira uma de suas
costelas, e dela forma a mulher.
A costela (tomada do lado, do meio) simboliza que a mulher não foi feita dos
pés (para ser pisada) nem da cabeça (para ser superior), mas do lado do homem, para estar ao seu
lado e perto do seu coração. O reconhecimento do homem é imediato e poético:
"Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne; ela será chamada
mulher, porque do homem foi tirada" (Gênesis 2:23). É a celebração de uma igualdade essencial e uma profunda união.
O propósito final da mulher, portanto, é ser a parceira essencial que permite que a humanidade viva em comunhão,
multiplicidade e cumpra o mandato de domínio de forma completa.
O papel de adjutora é
um chamado ao auxílio poderoso e
à cooperação. A mulher é a
"ajudante certa que o complete".
Lição para a Igreja: A missão e o
ministério da igreja são mais ricos, mais eficazes e mais completos quando
homens e mulheres trabalham juntos, unindo suas diferentes perspectivas e
pontos fortes. A complementaridade
não é sobre superioridade ou inferioridade, mas sobre a união de forças para
cumprir o mandato de Deus. A igreja deve criar estruturas onde essa parceria
seja incentivada e valorizada em todas as esferas.
A união criada em Gênesis 2:24 ("os dois se tornarão uma só
carne") é o fundamento do casamento. Lição para a Igreja: O casamento, ensinado na igreja, deve ser visto como a união de
dois iguais que se complementam
e se auxiliam mutuamente para a santificação e a missão. É um relacionamento de
aliança, não de posse ou poder.
A igreja deve investir no fortalecimento de casamentos que demonstrem essa
parceria de igualdade e respeito.
Th.M – Adilson Guilhermel