LIÇÃO 06 - O BOM PASTOR E SUAS OVELHAS

 

 LIÇÃO 06 - O BOM PASTOR E SUAS OVELHAS

Texto Áureo: Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido. João 10.14

Leitura Bíblica em Classe: João 10.1-16

Introdução:

No capítulo 9, Jesus cura um homem cego de nascença. Esse milagre leva a um conflito com os fariseus, que recusam aceitar que Jesus veio de Deus. Eles interrogam o homem curado e, por ele defender Jesus, o expulsam da sinagoga, ou seja, é excomungado da comunidade religiosa.

A reação de Jesus: Ele busca o homem e se revela como o Filho do Homem. Em contraste com os líderes religiosos (os fariseus), que rejeitam e excluem, Jesus acolhe e dá visão espiritual.

A seqüência é intencional. Ao apresentar-se como o Bom Pastor, Jesus está contrastando diretamente com os fariseus, que se mostraram maus pastores: indiferentes, injustos e cegos espiritualmente.

O homem cego de nascença havia experimentado um milagre extraordinário: foi curado por Jesus. Mas, em vez de ser acolhido com alegria pela liderança religiosa, foi interrogado, acusado e finalmente expulso da sinagoga. Aqueles que deveriam cuidar do povo o rejeitaram.

Mas Jesus não o deixou perdido. Ele foi ao seu encontro, revelou sua identidade e o acolheu. É neste contexto que Jesus se apresenta como o Bom Pastor, aquele que não abandona as ovelhas, mas as conhece, chama pelo nome e guia com amor.

No Oriente, os pastores conhecem bem suas ovelhas. Pela manhã, no aprisco comum, cada pastor chama suas ovelhas pelo nome, e elas reconhecem sua voz. Não seguem estranhos. É uma relação de confiança e intimidade.

Assim é com Jesus. Ele não nos vê como multidão anônima, mas como ovelhas conhecidas, chamadas pessoalmente. Quando a religião exclui, Ele acolhe. Quando outros viram as costas, Ele nos guia com voz segura.

1. O BOM PASTOR ENTRA PELA PORTA COM LEGITIMIDADE.

João 10.1 Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador. João 10.2 Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das ovelhas. João 10.3 A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora. João 10.4 E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. João 10.5 Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos. João 10.6 Jesus disse-lhes esta parábola; mas eles não entenderam o que era que lhes dizia.

Nesta parábola do Bom Pastor, o aprisco representa o povo de Israel, cercado pela aliança, pela Lei e pelas promessas de Deus. No entanto, nem todos que estavam ali eram pastores verdadeiros. Muitos líderes religiosos, fariseus, escribas, não falavam com a voz de Deus. Eram estranhos ao coração do Pai, mesmo se dizendo guias espirituais. Jesus os chama de ladrões e salteadores: aqueles que tiravam proveito do rebanho e roubavam a glória de Deus.

O verdadeiro Pastor, no entanto, entra pela porta, com legitimidade. Ele fala com familiaridade, como quem cumpre o que Moisés e os profetas anunciaram. Ele conduz suas ovelhas para fora, mas não as abandona, vai à frente.

Este é um detalhe precioso: Cristo nunca envia ninguém sozinho. Ele está sempre a frente. Ele disse: eis que estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos.

Quando somos tirados de contextos religiosos rígidos, de tradições que matam a fé, de sistemas que exploram em vez de cuidar, não estamos perdidos, estamos sendo guiados por Aquele que vai adiante. E onde Ele está, há segurança.

Hoje, ainda, Deus levanta pastores verdadeiros. Alguns cuidam de famílias, outros de igrejas, e outros até de nações. Mas todos compartilham uma característica: estão na presença do verdadeiro Pastor e seguem Seus passos.

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes ganho, o tornais duas vezes mais filho do inferno do que vós.” (Mateus 23:15)

Jesus está denunciando a hipocrisia de líderes religiosos que tinham zelo missionário, mas motivações corrompidas. Eles viajavam grandes distâncias, o que significava um esforço intenso, para converter alguém ao judaísmo. No entanto, em vez de conduzir essas pessoas a Deus, os líderes: As prendiam em tradições humanas (Marcos 7:8-9)

As usavam para seu próprio orgulho e prestígio; e as transformavam em seguidores ainda mais fanáticos e legalistas do que eles mesmos. Jesus denuncia que, ao fazer isso, em vez de salvar, eles condenavam, tornando esses prosélitos “duas vezes mais filhos do inferno”. Ou seja, os convertiam para algo que parecia ser de Deus, mas não era. Era exploração espiritual disfarçada de piedade.

2. O BOM PASTOR E A UNIVERSALIDADE DO SEU CONVITE.  

João 10.7 Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas. João 10.8 Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram. João 10.9 Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. João 10.10 O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.

Jesus como o Bom Pastor: Essa metáfora, cara aos ouvintes de Jesus na época, evoca cuidado, proteção e um profundo conhecimento das ovelhas. Um bom pastor não apenas guia, mas se sacrifica pelo seu rebanho. A implicação aqui é o amor incondicional e a dedicação de Jesus por aqueles que o seguem.

Jesus como a Porta da Salvação, é uma afirmação poderosa e exclusiva. Ao se declarar a "porta", Jesus estabelece que não há outro caminho para a salvação e para o acesso a Deus. A imagem da porta sugere um ponto de entrada específico, uma passagem necessária.

A Porta Preparada por João Batista: Esta observação sobre João Batista preparando o caminho é importante entender. A pregação de João sobre o arrependimento e a chegada do Messias pode ser vista como a abertura inicial, a preparação do terreno para a entrada triunfal de Jesus como a porta definitiva. João apontou para aquele que viria depois dele (João 1:29), cumprindo assim seu papel de precursor.

O Acesso Eterno e Universal: A ideia de que Jesus se tornou o acesso eterno a Deus é fundamental. Sua morte e ressurreição romperam as barreiras que separavam a humanidade de Deus, oferecendo um caminho permanente de reconciliação. A frase "se alguém" enfatiza a universalidade dessa oferta. A salvação não é restrita a um grupo seleto, mas está disponível a todos que desejam entrar por essa porta.

Implicações para Hoje: Essa interpretação nos convida a refletir sobre nossa própria relação com Jesus. O reconhecemos como o Bom Pastor que nos guia e protege? Entramos pela porta que Ele oferece, buscando a salvação e o acesso a Deus através dele? A porta continua aberta, um convite constante àqueles que ainda não atravessaram ou àqueles que precisam se achegar novamente ao Pastor.

Essa interpretação mostra  a essência da mensagem de Jesus em João: Ele é o caminho exclusivo para Deus, um pastor amoroso que deu a vida por suas ovelhas, e a porta da salvação que está aberta a todos. É uma mensagem de esperança, amor e inclusão.

Jesus diz:

"Entrará" — para comunhão íntima com o Pai.

"Sairá" — para o serviço no mundo, testemunhando essa nova vida.

"Achará pastagem" — suprimento, sustento e descanso espiritual.

Por contraste, Jesus adverte que onde houver destruição — em palavras, atitudes ou estruturas —, ali atua o grande inimigo das almas. O ladrão vem para roubar, matar e destruir (João 10:10a). Cristo, ao contrário, constrói, cura, salva e dá vida em abundância (João 10:10b).

3. O BOM PASTOR, OPERA NA UNIFICAÇÃO DE UM SÓ REBANHO.

João 10.11 Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. João 10.12 Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas. João 10.13 Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas. João 10.14 Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido. João 10.15 Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas. João 10.16 Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor

A intimidade de conhecimento comparável à Relação Pai-Filho: Essa é uma afirmação surpreendente e profundamente consoladora. A ideia de que podemos ter um nível de intimidade com Jesus que se assemelha à relação única que ele compartilha com o Pai revela a profundidade do amor de Deus pela humanidade. Sugere um conhecimento mútuo, um relacionamento de confiança e proximidade que transcende a mera obediência. É um convite a um relacionamento pessoal e profundo com o divino. Há uma intimidade entre Jesus e aqueles que o seguem que não pode ser comparada a nada menos do que a comunhão existente entre Ele e o Pai. Ele nos conhece, profundamente, individualmente, perfeitamente. E nós somos chamados a conhecê-Lo de forma cada vez mais íntima.

O Olhar Além do Aprisco Judaico: Essa observação é crucial para entender a amplitude da missão de Jesus. Ao reconhecer as "ovelhas gentias que estavam longe", a interpretação destaca a natureza universal do amor de Deus e do sacrifício de Jesus. Ele não veio apenas para um grupo específico, mas para toda a humanidade. Esse olhar antecipa a expansão do Evangelho para além das fronteiras de Israel. Jesus não limitou Sua missão ao "aprisco judaico". Ele já via, com ternura, as ovelhas gentias que estavam distantes (João 10:16). Através da revelação dada a Paulo, essa missão se expandiu aos confins da terra — e continua até hoje. O desejo do Bom Pastor é claro: um só rebanho e um só Pastor.

O Amor Revelado a Paulo e a Busca Contínua: A menção da revelação a Paulo é fundamental. O ministério de Paulo foi um catalisador para levar a mensagem de Jesus aos gentios, cumprindo a visão do Bom Pastor que se preocupa com todas as suas ovelhas, mesmo as que estão "longe". A afirmação de que Jesus "sempre tem procurado essas ovelhas" ao longo dos séculos reforça a ideia de um Deus ativo e incessante em seu amor pela humanidade, buscando aqueles que ainda não o conhecem.

Muitos Apriscos, um Só Rebanho: Essa frase é um chamado à unidade. Apesar das diferentes denominações, tradições e formas de expressão da fé cristã ("muitos apriscos"), a interpretação nos lembra que há um único rebanho sob o cuidado do único Bom Pastor. Isso ressalta a importância da unidade e do reconhecimento mútuo entre os seguidores de Cristo, superando as divisões superficiais. Apesar dos muitos "apriscos" humanos; culturas, denominações, tradições; o objetivo final é a unidade espiritual no corpo de Cristo. O verdadeiro rebanho não é construído por estruturas religiosas, mas por corações que ouvem e seguem a voz do Pastor.

A Morte Inevitável dos Homens e a Morte Escolhida de Cristo: Esse contraste ilumina a singularidade do sacrifício de Jesus. Enquanto a morte é uma realidade inescapável para a humanidade, a morte de Cristo foi um ato de livre escolha, motivado pelo amor. Ele nasceu com o propósito de morrer para oferecer a salvação. Essa escolha demonstra a profundidade do seu amor e a natureza vicária de sua morte, ele morreu em nosso lugar. Enquanto todos os homens morrem porque não podem evitar a morte, Jesus nasceu para que pudesse morrer voluntariamente, como expressão máxima de amor e redenção. E por que tudo isso é possível? Porque Cristo escolheu morrer por Suas ovelhas.

“Ninguém a tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou...” (João 10:18)

Essa interpretação expande nossa compreensão do papel de Jesus como o Bom Pastor, revelando um amor que transcende fronteiras, busca ativamente cada indivíduo e oferece uma intimidade profunda com o divino. A ênfase na unidade do rebanho e na natureza voluntária do sacrifício de Cristo enriquece ainda mais essa poderosa imagem bíblica.