LIÇÃO 11 - O ESPÍRITO HUMANO
E AS DISCIPLINAS CRISTÃS
Texto Áureo: “Porque o
exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa,
tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” (1Tm 4.8).
Leitura Bíblica em Classe: 1
Timóteo 4.6-8,13-16.
Introdução: Devemos crer que o corpo inteiro, assim como todos os
dons que Deus nos concedeu, especialmente aqueles que são naturais, puros e
moralmente lícitos foram dados para serem apreciados e usados segundo três
princípios essenciais. Primeiro, devemos recebê-los e desfrutá-los sempre com
ações de graças, reconhecendo que tudo procede das mãos bondosas do nosso
Criador e Pai. A gratidão protege o coração da idolatria e nos lembra que somos
apenas administradores do que Ele nos confiou.
É preciso
entender que esses dons devem ser aprovados pela Palavra de Deus. A Escritura
funciona como a balança que pesa todas as coisas. Se algo não puder ser
praticado com boa consciência diante das instruções bíblicas, deve ser
descartado. Mas, se for compatível com a vontade revelada de Deus, pode ser
usado com liberdade e alegria.
Terceiro, nada
do que recebemos deve prejudicar nossa comunhão com Deus. Mesmo coisas boas,
quando ocupam lugar exagerado, tornam-se tropeço. A saúde, o lazer, os talentos
naturais, o trabalho e até mesmo as capacidades físicas encontram seu
verdadeiro propósito quando servem para aprofundar nossa vida espiritual, e não
para nos afastar dela.
Nesse
contexto, Paulo lembra que o ministro de Cristo deve alimentar-se diariamente
das palavras da verdade cristã. A vida espiritual não se sustenta de modo
automático; ela exige nutrição constante. Se o servo de Deus não se alimentar
do “corpo e sangue de Cristo”, ou seja, da comunhão viva com o Senhor por meio
da Palavra e da oração, seu ensino inevitavelmente se tornará fraco,
superficial e sem poder transformador.
Além disso,
Paulo compara a vida cristã a um treinamento atlético. Da mesma forma que um
atleta disciplina seu corpo, exercitando músculos e articulações para manter
força, agilidade e resistência, o crente e, especialmente o ministro deve
exercitar-se continuamente na piedade. Isso envolve hábitos espirituais
constantes: meditação, oração, obediência, vigilância e renúncia ao pecado. É
esse exercício que molda o caráter e fortalece a fé.
Também por
isso Deus permite provações e disciplina espiritual em nossa vida. Assim como o
atleta enfrenta esforço, dor e limites para crescer, Deus utiliza desafios e
adversidades para nos aperfeiçoar. Não são sinais de abandono, mas instrumentos
para amadurecimento. Por meio deles, Ele nos torna mais dependentes, mais
sábios e mais fortes para o serviço.
1. AO INTRUIRMOS OUTROS
ACABAMOS ENSINANDO A NÓS MESMOS.
1 Timóteo 4.6 — Propondo
estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Jesus Cristo, criado com as
palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido.
O apóstolo
desejava que Timóteo fortalecesse nos cristãos convicções firmes, capazes de
protegê-los contra a sedução dos mestres judaizantes. Os apóstolos sabiam que
lembrar continuamente a igreja das verdades de Deus era parte essencial de seu
ministério, pois somos inclinados a esquecer e lentos em reter aquilo que
aprendemos.
Timóteo
deveria permanecer “nutrido pelas palavras da fé e da boa doutrina”, as quais
ele já seguia. Até os ministros precisam crescer constantemente no conhecimento
de Cristo; eles também devem ser alimentados pela Palavra.
E a melhor
maneira de crescer na fé e na doutrina é exatamente ensinar e despertar nos
irmãos a lembrança da verdade — pois, ao instruirmos outros, acabamos ensinando
a nós mesmos. Além disso, aqueles a quem os ministros servem são “irmãos” na fé
e devem ser tratados com dignidade e respeito, porque os ministros não são
senhores da herança de Deus, mas servos entre servos.
2. CUIDADO COM AS FÁBULAS, A
CHAVE É O FOCO NA PIEDADE.
1 Timóteo 4.7 — Mas rejeita
as fábulas profanas e de velhas e exercita-te a ti mesmo em piedade.
As tradições
judaicas que atraíam alguns cristãos não tinham valor espiritual real. Por
isso, Paulo exorta: “Exercita-te na piedade”, isto é, dedica-te a uma vida de
fé prática. A verdadeira piedade exige disciplina contínua, pois somente o
exercício constante produz maturidade.
O apóstolo
contrasta esse exercício com práticas externas, como abstinência de comidas ou
do casamento, consideradas formas de mortificação. Tais práticas, porém, têm
pouco proveito, porque tratam apenas do corpo. De nada adianta mortificar o
corpo se o pecado não é mortificado. A piedade, ao contrário, traz ganho
verdadeiro, pois é útil durante toda a vida.
Isso ocorre
porque a piedade está ligada às promessas de Deus: ela possui valor tanto para
a vida presente quanto para a vida futura. Enquanto no Antigo Testamento as
promessas eram principalmente temporais, no Novo Testamento são espirituais e
eternas. Mesmo que os piedosos recebam poucas bênçãos materiais agora, são
abundantemente recompensados na vida por vir.
3. PIEDADE UM INVESTIMENTO
COM RETORNO GARANTIDO.
1 Timóteo 4.8 — Porque o
exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa,
tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.
1 Timóteo 4:8
foca na recompensa e no valor duradouro da piedade em contraste com as perdas
ou sacrifícios temporais. A passagem diz: "Pois o exercício corporal para
pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, visto que tem a promessa
da vida presente e da que há de vir."
Paulo declara
que o exercício corporal (e os esforços focados apenas no temporal) é de valor
limitado, enquanto a piedade (a devoção ativa a Deus) é proveitosa para tudo.
O cerne da
questão é o lucro (o ganho da piedade) em face da perda (o sacrifício ou o
trabalho envolvido).
A Pergunta da
Compensação: É natural questionar: "Será que o ganho compensará a
perda?" Se o serviço a Deus implicasse uma perda líquida, não seria um
verdadeiro ganho.
A Certeza da
Recompensa: Paulo responde com uma "palavra fiel e digna de toda a
aceitação": sim, a piedade será abundantemente proveitosa e recompensada.
Os sacrifícios, trabalhos e perdas temporais feitos no serviço de Deus e na
prática da religião (a piedade) serão vastamente superados pela recompensa.
A Fórmula do
Ganho: O crente pode perder por causa de Cristo (conforto, riqueza,
aceitação), mas jamais perderá com Ele. O investimento na piedade
assegura a promessa da vida presente (paz, significado, contentamento) e,
inestimavelmente, a promessa da vida futura (a salvação e a glória eterna).
O Fundamento
da Esperança: É por esta certeza de recompensa que "trabalhamos e
lutamos". A nossa motivação não é uma aposta, mas uma esperança firme no
Deus vivo, que é fiel para honrar todos os que O servem com verdadeira devoção.
A piedade é o
único investimento que garante um retorno eterno, transformando cada perda
temporária em um lucro duradouro.
4. LEITURA, EXORTAÇÃO E
PRÁTICA: DEVEVERES DO SERVO DE CRISTO.
1 Timóteo 4.13 — Persiste em
ler, exortar e ensinar, até que eu vá.
Embora Timóteo
possuísse dons extraordinários, ainda precisava usar os meios comuns da graça.
Paulo o orienta a dedicar-se à leitura pública das Escrituras, à exortação e ao
ensino, isto é, ler o texto, explicá-lo e aplicá-lo ao coração dos ouvintes. Os
ministros devem transmitir aquilo que eles mesmos receberam, ensinando o povo a
obedecer a tudo o que Cristo ordenou (Mt 28.20 Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu
vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação
do mundo. Amém).
A melhor forma
de evitar o desprezo é ensinar fielmente e viver o que se prega; pois quando os
ministros deixam de instruir ou contradizem sua própria mensagem, tornam-se
motivo de escândalo. O ministro deve ser exemplo para o rebanho que conduz. Mesmo
os ministros mais preparados para o seu trabalho devem dedicar-se aos estudos,
para que possam crescer no conhecimento. E devem dedicar-se ao seu trabalho;
também devem dedicar-se à leitura, à exortação e à doutrina.
5. NÃO NEGLIGENCIES O DOM: A
VOCAÇÃO SEGUNDO AS ESCRITURAS
1 Timóteo 4.14 — Não
desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição
das mãos do presbitério.
Os dons que
Deus concede murcham quando são negligenciados. Em Timóteo, esse “dom” pode se
referir tanto ao seu ofício ministerial quanto às capacidades dadas por Deus
para exercê-lo. O contexto sugere que Paulo fala do ofício, recebido de forma
ordinária por meio da imposição das mãos do presbitério, isto é, de líderes já
estabelecidos na igreja. Em outro momento, Paulo também impôs as mãos sobre
Timóteo concedendo-lhe um dom extraordinário, mas sua investidura oficial no
ministério ocorreu pela liderança da igreja.
Isso mostra
que o ministério é, em si, um dom de Cristo à sua igreja. Como ensina Efésios
4.8,11, quando Cristo subiu ao alto, Ele concedeu dons aos homens — entre eles
apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres — como bênçãos especiais
para edificação do povo de Deus. Os ministros não devem negligenciar ou
desprezar o dom concedido a eles, quer por dom, que aqui entendemos como o
ofício do ministério, quer pelas qualificações para esse ofício; nem um nem
outro deve ser negligenciado.
6. A PRIORIDADE DO PASTOR: MEDITAÇÃO,
FOCO E CRESCIMENTO VISÍVEL.
15 — Medita estas coisas,
ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos.
Como o
ministério havia sido confiado a Timóteo, ele precisava dedicar-se totalmente a
essa tarefa. Paulo o exorta a aplicar-se com empenho, para que seu progresso
espiritual e ministerial fosse evidente a todos.
(1) Os
ministros devem reservar tempo para meditação — refletir sobre o que vão
ensinar, sobre a responsabilidade que carregam e sobre o valor das almas que
pastoreiam.
(2) Devem dedicar-se inteiramente ao ministério — tratá-lo como seu trabalho
principal, e não secundário.
(3) Assim, seu crescimento será visível — tanto em conhecimento quanto em
graça, edificando também aqueles que os ouvem.
O ministro de
Cristo deve praticar a dedicação total e a meditação intencional nas Escrituras
e na sua responsabilidade, de modo que seu crescimento espiritual e intelectual
seja evidente para todos. Este progresso visível é a chave para o sucesso do
seu ministério e para o avanço da congregação.
7. O DUPLO CUIDADO
MINISTERIAL: VIDA E DOUTRINA PARA A SALVAÇÃO.
16 — Tem cuidado de ti mesmo
e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás,
tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.
Paulo exorta
Timóteo (e todo ministro) a um cuidado extremo e uma perseverança ininterrupta
nas verdades recebidas.
"Tem
cuidado de ti mesmo..." (Cuidado Pessoal): O foco primário é na santidade
pessoal e na integridade do ministro. Antes de liderar os outros, o ministro
deve ser um exemplo de piedade (como visto em 1 Tm 4:12).
"...e da
doutrina" (Cuidado Doutrinário): Não basta ter uma vida moral
irrepreensível; é essencial pregar a verdade pura. O ministro deve
"refletir acerca do que prega," garantindo a fidelidade às Escrituras
e rejeitando as heresias (conforme 1 Tm 4:6-7).
"Persevera
nestas coisas": O sucesso do ministério não é fruto de um entusiasmo
passageiro, mas de constância. A salvação de almas é um trabalho de longo prazo
que exige firmeza nas verdades recebidas.
2. A Dupla
Obra Salvadora (O Ganho Final)
O ministério é
uma obra salvadora com dois beneficiários diretos: o próprio ministro e seus
ouvintes.
"O
cuidado dos ministros deveria ser em primeiro lugar em salvar a si próprios:
'Salve a você mesmo em primeiro lugar, assim você será um instrumento para
salvar aqueles que o ouvem.'"
A melhor
maneira de cumprir o propósito ministerial (salvar os outros) é assegurar o
próprio estado espiritual. Um ministro que falha em sua vida pessoal ou que
distorce a doutrina perde a autoridade e a capacidade de ser um instrumento
eficaz nas mãos de Deus. O cuidado pessoal e doutrinário é, portanto, o caminho
para o sucesso salvífico duplo.
Pastor Adilson Guilhermel
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