Lição
3: O CORPO E AS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO.
Texto
Áureo: “No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra;
porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás.” (Gn 3.19).
Leitura
Bíblica em Classe: Gênesis 3.17-19; Eclesiastes 12.1-7.
Introdução:
Quando Adão e Eva foram condenados por causa da
desobediência, Deus não esperou que o homem encontrasse sozinho o caminho de
volta. Em Sua misericórdia, Ele mesmo se apressou em buscá-lo, chamando: “Onde
estás?” (Gênesis 3.9). Esse gesto revela o coração de um Deus que busca o
pecador, não para destruí-lo, mas para restaurá-lo.
Séculos depois, Jesus enfrentou o tentador, não em um jardim de
delícias, mas no deserto, lugar de provação e escassez. Diferente de Adão, Ele
consentiu em ser tentado, mas sem jamais pecar. Assim, tornou-se para todos os
que lhe obedecem o Espírito vivificante e o autor da salvação eterna.
Em Cristo, o castigo pelo pecado foi removido, pois Ele mesmo
levou em Seu corpo a nossa condenação na cruz. Agora, a nossa inclinação para o
mal é neutralizada por Sua presença viva em nós, por meio do Espírito Santo,
que habita em cada crente. É Ele quem nos dá poder para vencer o tentador e
cumprir a promessa:
“O Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos
pés.” (Romanos 16.20)
Essa é a garantia da graça: tudo o que o pecado corrompeu, Deus
transforma para o bem.
A dor da mulher no parto é compensada pelo profundo amor de mãe
que nasce com o filho.
O trabalho árduo do homem torna-se educativo e enobrecedor,
fonte de crescimento e dignidade.
E até a morte, antes sinal de juízo, foi transformada por Cristo
na porta da vida eterna.
Assim, onde o pecado abundou, superabundou a graça (Romanos
5.20).
O Deus que buscou Adão continua hoje buscando a humanidade caída — não para
condenar, mas para redimir e restaurar. Em Cristo, a maldição é revertida, e a
comunhão perdida é plenamente restaurada.
1.
DO ÉDEM À CRUZ: A QUEDA E A REDENÇÃO
Gênesis
3.17 — E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher e comeste da
árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por
causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Gênesis 3.18 —
Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo. Gênesis 3.19
— No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque
dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás.
Comentário
e Lições sobre Gênesis 3.17–19
Deus criou o jardim do Éden e colocou ali o homem e a mulher
para viverem em perfeita comunhão com Ele. Ao homem, Adão, foi dado um
mandamento específico: não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do
mal. Esse mandamento representava a obediência e a submissão do homem à autoridade
divina.
O inimigo, conhecendo o mandamento e sendo astuto, não se
apresenta de forma direta, mas utiliza a serpente como instrumento para enganar
a mulher. Ele lança dúvida sobre a palavra de Deus e induz Eva a comer do fruto
proibido. Como o mandamento havia sido dado diretamente a Adão, a mulher, ao
comer, não percebe imediatamente as consequências espirituais de sua ação.
Em seguida, Eva oferece o fruto a Adão, argumentando que nada de
mal lhe havia acontecido. Contudo, quando Adão — aquele a quem Deus havia dado
o mandamento — come do fruto, o pecado entra no mundo. Seu semblante muda, e a
comunhão com Deus é quebrada. A partir desse ato de desobediência, a maldição
se estende sobre o homem, a mulher e a terra, como descrito nos versículos 17 a
19.
Assim como Adão e Eva sofreram as consequências de sua
desobediência, nós, cristãos, também estamos sujeitos às leis espirituais
estabelecidas por Deus. Quando vivemos em obediência, colhemos bênçãos; mas
quando desobedecemos, abrimos brechas para consequências espirituais e naturais
graves. Por isso, é fundamental vivermos atentos à Palavra de Deus, que nos
orienta e preserva do engano e da queda.
A obediência à Palavra de Deus é essencial.
Assim como Adão recebeu um mandamento claro, a Igreja também
recebeu instruções divinas através da Escritura. A queda no Éden mostra que
ignorar a Palavra e ceder à dúvida abre as portas para o pecado e para a
separação de Deus. A Igreja precisa cultivar uma fé obediente, fundamentada na
verdade revelada.
O inimigo continua usando sutilezas para enganar.
Satanás ainda distorce a Palavra, questiona o caráter de Deus e
tenta enfraquecer a confiança do crente nas promessas divinas. Por isso, a
Igreja deve permanecer vigilante e firmada no conhecimento das Escrituras, para
não cair nas armadilhas do engano e das meias-verdades.
A liderança espiritual tem grande responsabilidade.
O mandamento foi dado a Adão, e sua desobediência trouxe
consequências para todos. Da mesma forma, líderes espirituais são chamados a
guardar e ensinar a Palavra com fidelidade. Quando a liderança falha, toda a
comunidade sofre. É preciso temor do Senhor, integridade e submissão à vontade
divina.
O pecado sempre traz consequências.
A maldição sobre a terra e o sofrimento humano mostram que o
pecado nunca é inofensivo. Ele destrói relacionamentos, traz dor e rompe a
comunhão com Deus. A Igreja precisa ensinar que, embora haja perdão em Cristo,
as consequências do pecado são reais e nos alertam a viver em santidade.
Mesmo no juízo, há esperança.
Mesmo após o pecado, Deus anuncia a promessa de redenção
(Gênesis 3.15). Isso revela que, mesmo quando falhamos, há graça, perdão e
restauração em Jesus. A Igreja deve viver e pregar essa esperança: onde o
pecado abundou, superabundou a graça (Romanos 5.20).
A vida cristã exige trabalho e perseverança.
O “suor do rosto” simboliza o esforço e as lutas da vida após a
queda. Para o crente, isso significa que servir a Deus requer dedicação, fé e
constância. A caminhada cristã é marcada por desafios, mas também pela presença
constante de Deus, que fortalece e sustenta o Seu povo.
A narrativa de Gênesis 3 não é apenas um relato histórico da
queda do homem, mas também um espelho espiritual para a Igreja de todos os
tempos. Ela nos lembra que a obediência a Deus é o caminho da vida, e que toda
desobediência traz dor, separação e perda. Contudo, o mesmo Deus que pronunciou
juízo também ofereceu redenção por meio de Cristo.
Portanto, que a Igreja viva em reverência, vigilância e fidelidade,
aprendendo com o erro de Adão e Eva, e caminhando diariamente em obediência à
Palavra que conduz à vida eterna.
2.
A CASA QUE DESMORONA, E O LAR ETERNO.
Eclesiastes
12.1 — Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus
dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles
contentamento; Eclesiastes 12.2 — antes que se escureçam o sol, e a luz, e a
lua, e as estrelas, e tornem a vir as nuvens depois da chuva; Eclesiastes 12.3
— no dia em que tremerem os guardas da casa, e se curvarem os homens fortes, e
cessarem os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham pelas
janelas; Eclesiastes 12.4 — e as duas portas da rua se fecharem por causa do
baixo ruído da moedura, e se levantar à voz das aves, e todas as vozes do canto
se baixarem; Eclesiastes 12.5 — como também quando temerem o que está no alto,
e houver espantos no caminho, e florescer a amendoeira, e o gafanhoto for um
peso, e perecer o apetite; porque o homem se vai à sua eterna casa, e os
pranteadores andarão rodeando pela praça; Eclesiastes 12.6 — antes que se
quebre a cadeia de prata, e se despedace o copo de ouro, e se despedace o
cântaro junto à fonte, e se despedace a roda junto ao poço,
O capítulo 12
de Eclesiastes apresenta uma das descrições mais belas e comoventes do
envelhecimento humano em toda a Escritura. O sábio compara o corpo a uma casa
magnífica, que com o passar do tempo vai se deteriorando até ruir por completo.
A imagem é ao mesmo tempo poética e profundamente realista: fala da
transitoriedade da vida e da certeza de que o corpo físico é apenas a morada
temporária do espírito.
O corpo, por mais belo e vigoroso que seja, não é a nossa pessoa
verdadeira, mas apenas a habitação terrena onde residimos por um breve período.
Somos, por assim dizer, inquilinos em um corpo emprestado, vivendo num mundo
que também não é o nosso lar permanente.
O autor, com uma linguagem simbólica, descreve o processo do
envelhecimento:
Os “guardas da casa” que tremem são os braços e as mãos, que perdem
a força e a firmeza.
Os “homens fortes” que se curvam são as pernas, que já não
sustentam o corpo com vigor.
Os “moedores” que cessam” são os dentes, que se perdem com o
tempo.
As “portas da rua” que se fecham representam a boca e os lábios,
que já não falam nem riem com facilidade, tornando-se retraídos e silenciosos.
A “amendoeira florescendo” — com suas flores brancas — é uma
bela metáfora para os cabelos grisalhos, símbolo natural da velhice.
A “voz das aves que se abaixa” expressa a fraqueza da voz e a
perda da vivacidade na comunicação.
Por fim, o “cordão de prata que se rompe”, o “vaso de ouro que
se quebra” e a “roda que se desfaz junto ao poço” representam a morte física: o
momento em que o corpo — essa bela casa — se desintegra e o espírito retorna a
Deus, o seu Criador.
A conclusão de tudo isso é clara e poderosa: os prazeres
terrenos são passageiros, e tudo o que este mundo oferece é apenas uma
hospedaria temporária — jamais o lar definitivo da alma. A vida terrena é curta
e frágil, e, no momento da morte, o que realmente importará não será a beleza
do corpo, a força da juventude ou as conquistas materiais, mas a atitude que
tivemos para com Deus.
O Pregador termina com a sabedoria que resume toda a existência
humana:
“De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus e guarda os
seus mandamentos, porque isto é o dever de todo homem.” (Eclesiastes 12.13)
Temer a Deus, neste contexto, não é viver em pavor, mas amá-Lo
com profundo respeito e reverência, evitando entristecer o coração do Pai. É o
temor amoroso que lança fora o medo e nos conduz à obediência sincera. Esse
temor santo é o alicerce de uma vida significativa e a única resposta sábia
diante da realidade da morte.
Em suma, Eclesiastes 12 nos convida a olhar para a vida com
sobriedade e fé. O corpo pode enfraquecer, a mente pode se cansar e os anos
podem pesar, mas o espírito, sustentado por Deus, renova-se a cada dia. Quando
a casa terrestre se desfizer, o crente fiel encontrará uma morada eterna nos
céus, edificada não por mãos humanas, mas por Deus mesmo (2 Coríntios 5.1).
Assim, a mensagem final é esta:
Lembre-se do seu Criador enquanto há tempo, porque tudo neste
mundo é passageiro, mas o relacionamento com Deus é eterno.
3.
VIVENDO COM A ETERNIDADE EM MENTE.
Eclesiastes
12.7 — e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.
O corpo foi tirado do pó da terra e, ao final da vida, volta ao
pó; o espírito, porém, procede de Deus e retorna a Ele. Entretanto, é
importante compreender que esta passagem não ensina a salvação universal,
isto é, que todos os espíritos automaticamente estarão com Deus em comunhão
eterna. O texto não se refere ao destino eterno do espírito no sentido de redenção
ou condenação, mas à realidade do juízo divino e da soberania de
Deus sobre toda vida.
Quando o texto diz: “e o espírito volte a Deus que o deu”,
o sentido é que todo espírito humano, ao deixar o corpo, já é julgado por Deus,
o Criador e Juiz de todos os espíritos (Hebreus 9.27 – “aos homens está
ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo”). Isso não implica
que todos serão recebidos em glória, mas que todos já tem um destino
eterno, ou seja, o céu, ou o inferno. É Deus que decide o
destino eterno de cada um, conforme sua condição espiritual diante de Cristo. O
espírito dos que são salvos em Cristo é recebido em
descanso e comunhão com Deus (Lucas 23.43 – “Hoje estarás comigo no paraíso”).
Já o espírito dos que rejeitaram a Deus é separado
d’Ele, reservado para o julgamento final - Apocalipse 20:11 E vi um
grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu
a terra e o céu; e não se achou lugar para eles. Portanto, a
expressão “voltar a Deus” não fala de reconciliação universal, mas da inevitabilidade
do juízo divino: todos os seres humanos — salvos e perdidos.
A vida humana é passageira e administrada por Deus. O corpo
volta ao pó, mas o espírito pertence a Deus. Isso nos lembra que a existência
terrena é temporária, e que somos apenas administradores da vida que recebemos.
O espírito não deixa de existir, mas entra em uma nova fase, a realidade
eterna. É por isso que precisamos viver em constante preparo espiritual,
conscientes de que um dia prestaremos contas ao Senhor. Não
é o fato de “o espírito voltar a Deus” que assegura a salvação, mas o novo
nascimento em Cristo. A Igreja deve proclamar que a única
esperança de permanecer com Deus após a morte está em ter o nome escrito no Livro
da Vida. Saber que um dia estaremos diante de Deus deve nos
conduzir a uma vida santa, sóbria e responsável. O verdadeiro temor do Senhor
não é medo de castigo, mas respeito amoroso que nos leva à
obediência e à fidelidade. Eclesiastes 12.7 nos ensina que a vida física é
frágil e passageira, mas o espírito humano é eterno e pertencente a Deus.
Ao morrer, cada pessoa comparece diante do Criador, que decide
seu destino conforme sua resposta ao Evangelho. Comparecer diante do Criador
não significa que isso se dará no céu celestial, mas sim no céu atmosférico,
que é onde estamos, onde o Espírito Santo encaminha os salvos que morrem, para
o céu celestial e, os mortos para o lugar de tormento, onde ficarão até o dia
do juízo final no grande trono branco.
Para o crente, esse versículo Ec 12.7 é motivo de consolo:
quando o corpo descansar na terra, o espírito será recebido pelo Senhor da
vida. Mas também é um chamado solene: viver com Deus hoje é a única forma de estar com
Ele na eternidade. “Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o
Filho de Deus não tem a vida.” (1 João
5.12) Eclesiastes 12.7 é uma lembrança solene e, ao mesmo tempo, consoladora: o
corpo é passageiro, mas o espírito pertence a Deus.
A Igreja deve viver à luz dessa verdade, pregando a salvação,
praticando a santidade e esperando com fé o reencontro com o Criador. A cada
dia que passa, o corpo se aproxima do pó, mas o crente fiel se aproxima da
glória. A vida terrena é uma jornada breve, mas a eternidade é o destino de
todos — e somente aqueles que estão em Cristo habitarão para sempre com Deus. “E
assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com
estas palavras.” (1 Tessalonicenses 4.17–18)
Th.M. Adilson Guilhermel
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