LIÇÃO 09 - VONTADE - O QUE MOVE O SER HUMANO

LIÇÃO 09 - VONTADE - O QUE MOVE O SER HUMANO

Texto Áureo: “Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.” (Gl 5.16).

Leitura Bíblica em Classe: Gálatas 5.16-21; Tiago 1.14,15; 4.13-17.

 

Introdução: Produzir o fruto do Espírito é a evidência natural de uma vida transformada pela graça. O fato de Cristo nos ter libertado da lei como meio de alcançar a salvação não significa que fomos libertos de toda responsabilidade moral. Pelo contrário, agora vivemos sob uma norma ainda mais elevada: a lei do amor, que flui do próprio caráter de Deus e nos chama a refletir Sua natureza. Não obedecemos a essa lei para merecer algo, mas porque amamos aquele que nos salvou. Nossa obediência se torna um ato de gratidão, não de barganha.

A força que sustenta essa nova vida não vem de nós mesmos; ela nasce da presença ativa e contínua do Espírito Santo em nosso interior. Ele é quem nos capacita a vencer impulsos antigos e a caminhar segundo a vontade de Deus. Quando unimos nossa vida a vida de Cristo e permitimos que Seu Espírito governe nossos pensamentos, desejos e decisões, experimentamos um crescimento espiritual semelhante à seiva que percorre uma planta, fazendo-a florescer. Permanecer no Espírito é colocar-se num ambiente seguro, onde somos continuamente fortalecidos e guardados.

O Espírito Santo atua em nós como um agente purificador, trabalhando contra os germes do pecado que ainda tentam se manifestar em nossa natureza humana. Assim como um desinfetante elimina bactérias nocivas, o Espírito combate as inclinações da carne e enfraquece gradualmente o domínio do ego. Quando nos rendemos à Sua ação e permitimos que Ele nos encha completamente, somos libertos das amarras que antes nos aprisionavam e passamos a experimentar verdadeira liberdade em Cristo.

À medida que Cristo é formado em nós — processo que ocorre passo a passo, dia após dia — começamos a refletir mais nitidamente Sua vida ressurreta. Como uma nova flor que irrompe do solo, o fruto do Espírito passa a aparecer em nosso comportamento: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Ao mesmo tempo, as obras corruptas da carne vão perdendo força, murchando, até desaparecerem. Essa é a beleza da vida cristã: não um esforço humano solitário, mas o florescer da vida divina em nós.

 

1. O CONFLITO ENTRE A CARNE E O ESPÍRITO É CONSTANTE

Gálatas 5.16 — Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne. Gálatas 5.17 — Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis. Gálatas 5.18 — Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. Gálatas 5.19 — Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia, Gálatas 5.20 — idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Gálatas 5.21 — invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus.

Paulo havia ensinado que os gálatas foram chamados para a liberdade em Cristo (v. 13). No entanto, eles estavam usando essa liberdade de forma errada: Alguns a usavam como "ocasião para a carne" (licenciosidade ou libertinagem). Outros estavam "mordendo e devorando uns aos outros" (v. 15), praticando a divisão e o legalismo destrutivo, em vez de se servirem em amor. O "porém" introduz o antídoto divino para a má utilização da liberdade e para o conflito interno e interpessoal: "Andem no Espírito". Se o problema era a carne (v. 13) e a divisão (v. 15), a única forma de superá-los não é através de mais regras (legalismo), mas através da capacitação e direção do Espírito Santo. Paulo promete o resultado imediato dessa obediência: "e jamais satisfarão os desejos da carne." (v. 16). Não é que a carne desapareça, mas sua tirania é quebrada pela superioridade e pelo poder do Espírito. Viver “de acordo com o Espírito” ou “no Espírito” deveria ser uma ação diária e contínua dos cristãos. Ele está sempre presente, mas nós precisamos estar em contato com Ele e permanecer abertos à sua orientação e correção.

Paulo lista as "obras da carne", que são as manifestações concretas dessa natureza pecaminosa. Esta lista serve como um alerta e uma régua para autoexame, mostrando que o pecado se manifesta em três grandes áreas:

Pecados Sexuais: Incluem imoralidade sexual (fornicação), impureza (pensamentos e ações impuras) e libertinagem (sensualidade sem freio).

Pecados Religiosos: Como a idolatria (adorar qualquer coisa que não seja Deus) e feitiçaria/superstição (envolvimento com práticas ocultas ou dependência de rituais vazios).

Pecados Interpessoais e Sociais: Estes são os mais numerosos e afetam o convívio, destruindo a unidade e o amor. Incluem ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja.

Pecados de Excesso: Tais como embriaguez e orgias (glutonarias/abusos na comida), que envolvem a perda de controle e o excesso desregrado.

Paulo conclui a lista com uma séria advertência: "Eu os advirto... que os que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus" (v. 21). Isso não significa que um deslize condena o crente, mas que a prática contínua e habitual dessas obras, indicando uma vida que não foi transformada pelo Espírito, é incompatível com a nova vida em Cristo.

 

2. A RESPONSABILIDADE PELO PECADO É INDIVIDUAL.

Tiago 1.14 — Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Tiago 1.15 - Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.

A passagem de Tiago 1:14 destaca que a tentação não vem de Deus, mas dos nossos próprios desejos maus, que nos seduzem e nos arrastam. Tiago corrige a ideia errada de que Deus seria a origem da tentação, apontando que cada um é tentado pela sua própria concupiscência (desejo descontrolado e egoísta). Esses desejos, quando alimentados, dão à luz o pecado, e o pecado consumado gera a morte. A responsabilidade pelo pecado é individual, pois podemos escolher negar esses desejos com a ajuda de Deus, evitando que se transformem em ação pecaminosa. Embora Satanás esteja por trás dos impulsos errados, a tentação nasce do nosso interior, e somos nós que colocamos a "isca" na armadilha do pecado ao permitir que o mau desejo cresça e se concretize em pecado.

A passagem reforça a importância da vigilância e da resistência pessoal, pois a culpa pelo pecado é somente nossa, uma vez que o desejo mau é interno e não enviado por Deus, que é a fonte de toda boa dádiva. A tentação começa com o desejo mau que está dentro de nós (concupiscência). Esse desejo seduz, atrai e arrasta a pessoa. Se o desejo é estimulado, ele concebe o pecado. O pecado consumado gera a morte espiritual. Deus não é a origem da tentação, mas sim dos dons bons e perfeitos.

Cada pessoa é responsável por resistir à tentação. Podemos alimentar ou deixar morrer os nossos desejos maus. A transformação do desejo em ato depende da nossa escolha e da ajuda divina. Satanás pode atuar como tentador por trás desses impulsos, mas a origem está nos desejos internos. Esse entendimento deixa claro que evitar o pecado não é apenas resistir a uma força externa, mas implica controle e vigilância sobre os próprios desejos, com auxílio de Deus para não ceder às tentações internas.

Não se pode ignorar que o papel de Satanás como influenciador das más decisões, isso é um alerta para a igreja estar espiritualmente armada e unida na luta contra o mal, ensinando que a vitória sobre a tentação é possível com vigilância, oração e ajuda divina.

 

3. HUMILDADE E DEPENDÊNCIA É ESSENCIAL AO CRISTÃO

Tiago 4.13 — Eia, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos. Tiago 4.14 — Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece. Tiago 4.15 — Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo. Tiago 4.16 — Mas, agora, vos gloriais em vossas presunções; toda glória tal como esta é maligna. Tiago 4.17 — Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado.

Os comerciantes ou empreendedores são repreendidos não por planejar, mas por se expressarem com absoluta certeza sobre o amanhã e o resultado de seus empreendimentos, como se tivessem controle total sobre o tempo e o futuro. "Hoje ou amanhã... faremos isto ou aquilo... e lucraremos." (v. 13). Eles excluem a variável "Deus" de suas equações. "Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por um pouco, e logo se dissipa. A vida é comparada à neblina — fina, fugaz e que desaparece rapidamente ao sol. Isso serve para recalibrar a perspectiva: não somos eternos ou onipotentes; somos dependentes de Deus para cada respiração e a duração de cada dia.

A submissão a Deus: "Se o Senhor quiser”, é uma expressão de dependência divina. Reconhece que nossa existência e a execução de nossos planos estão sob a soberania de Deus. A jactância é algo condenável: Tiago condena o "orgulho" ou a "jactância" (v. 16) que acompanha a presunção. É um mal moral que precisa ser abandonado.

O perigo de julgar: O julgamento dos irmãos é perigoso porque o juiz é sempre o Legislador (Deus). Ao julgar um irmão, o cristão: Assume o papel de juiz, colocando-se acima da Lei de Deus. Implica que o irmão está errado em suas ações (ou na sua liberdade) e que o próprio juiz tem um padrão superior (suas "próprias noções e opiniões").

O pecado de omissão (não fazer o que se sabe ser bom ou certo). Não é apenas o que fazemos de errado (pecado de comissão) que nos condena, mas também o bem que deixamos de fazer.

O mandamento principal é o amor. Ao falar mal e julgar um irmão, quebramos a lei do amor, agindo com maldade em vez de bondade.

Tiago conclui a passagem com um princípio moral universalmente importante que se aplica tanto à omissão do "Se o Senhor quiser" quanto ao julgamento do irmão:

Se sabemos que devemos reconhecer a soberania de Deus, a omissão desse reconhecimento é pecado. Se sabemos que devemos amar e não julgar o irmão (a "lei da bondade, da verdade e da justiça"), a omissão desse amor é pecado.

Tiago faz um apelo direto, quase um grito, para que aqueles que vivem de forma autônoma e astuta (os "homens mundanos e astutos" que deixam Deus fora dos seus planos) parem imediatamente e reavaliem sua conduta.

Todo projeto ou prosperidade que não tem Deus como seu fundamento e sua direção é, em última análise, vão, pois está sujeito à ruína pela própria fragilidade da vida. O homem mundano pensa que controla o tempo e o resultado de seus planos. Tiago lembra que ele não controla sequer a duração da sua própria vida. A neblina é curta; a vida é breve. A neblina é irreal (dada a dissipar); a prosperidade e o prazer mundanos que a acompanham também são efêmeros. A fragilidade da vida (a névoa) deve funcionar como um freio para a confiança vã, forçando-nos a dizer: "Se o Senhor quiser"

O tempo de nossa vida é passageiro, mas a conduta que adotamos nesse tempo (se andamos na humildade, ou na presunção astuta) determinará o resultado eterno.

A fragilidade da vida é contrastada com a permanência da nossa recompensa ou condenação: "a benção ou o 'ai' serão para sempre."

Tiago nos lembra que o modo como vivemos o "agora", se reconhecemos a soberania de Deus (humildade) ou a ignoramos (presunção)— tem implicações eternas.

Nossos tempos não estão em nossas mãos, mas à disposição de Deus. Isso anula a ansiedade e a presunção, lembrando-nos que mesmo as nossas melhores preocupações e planos podem ser "confundidos" pela Providência.

A advertência é clara: é néscio e daninho ensoberbecer-se em planos e projetos mundanos sem submissão divina. O caminho da arrogância leva ao grande desengano e é destrutivo ao final.

Tudo o que pensamos e fazemos deve ser feito de modo submisso a Deus (o famoso "Se o Senhor quiser").

O juízo de Deus é abrangente. Será condenado tanto quem faz o mal (pecado de comissão) quanto quem não faz o bem que sabe que deve fazer (pecado de omissão). O saber acentua a responsabilidade.

A conclusão se torna um autoexame urgente, com exemplos de omissão: não omitir a oração e não descuidar da meditação e do exame de nossas consciências.

 

 

Pastor Adilson Guilhermel


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