LIÇÃO 08 - EMOÇÕES DE
SENTIMENTOS - A BATALHA DO EQUILÍBRIO INTERIOR
Texto Áureo: “E a paz de
Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos
sentimentos em Cristo Jesus.” (Fp 4.7).
Leitura Bíblica em Classe:
Filipenses 4.4-7; Mateus 9.36; João 11.35,36.
Introdução: Devemos sempre tirar proveito da presença do Senhor, ele está sempre perto. Devemos entregar todas as causas de ansiedade aos infinitos cuidados do Pai e deixá-las com ele. Devemos agradecer-lhe pelo passado e contar com ele no futuro. Enquanto estivermos em oração, a paz de Deus descerá e ficará de sentinela à porta de nosso coração. Mas importa que possuamos o Deus da paz bem como a paz de Deus, tendo como condição única que busquemos decididamente tudo que é verdadeiro, justo, puro e amável. A presença do Senhor é um dos maiores privilégios do cristão. Ele não está distante nem indiferente, mas sempre perto, atento a cada detalhe da nossa vida. Por isso, somos chamados a viver diariamente conscientes dessa proximidade amorosa. Diante de qualquer inquietação, preocupação ou angústia, podemos e devemos entregar tudo aos cuidados infinitos do nosso Pai. Ele nos convida a descansar, a soltar o peso que tentamos carregar sozinhos e a confiar plenamente em Sua fidelidade.
Quando
apresentamos nossas súplicas diante dEle, acompanhadas de ações de graças,
lembramos que Deus já foi fiel no passado e continuará sendo no futuro. A
gratidão abre nossos olhos para aquilo que Ele já fez e fortalece nossa fé para
crer no que ainda fará.
À medida que
permanecemos nessa atitude de oração e confiança, a paz de Deus — uma paz que
não depende das circunstâncias, mas desce suavemente sobre nós. Essa paz não
apenas nos visita, mas se coloca como um soldado de guarda, vigiando e
protegendo o nosso coração e nossa mente contra a ansiedade, o medo e a dúvida.
Contudo, essa
experiência da paz de Deus é profundamente ligada ao fato de possuirmos o Deus
da paz. Não basta buscar a sensação de tranquilidade; precisamos do próprio
Senhor como fundamento da nossa vida. E Ele nos chama a cooperar com Sua obra
em nós, escolhendo deliberadamente encher nossa mente com aquilo que é
verdadeiro, digno, justo, puro, amável e de boa fama. Tudo o que reflete o
caráter de Cristo deve ocupar nosso pensamento.
Assim, quando
ajustamos o foco da nossa mente ao padrão de Deus, experimentamos não apenas a
paz que Ele dá, mas a presença constante daquele que é a própria fonte de toda
paz.
1. O CAMINHO DA PAZ DE DEUS:
REGOZIJO, RENDIÇÃO E GRATIDÃO.
Filipenses 4.4 —
Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos. Filipenses 4.5
— Seja a vossa equidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor. Filipenses
4.6 — Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam
em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças. Filipenses
4.7 — E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos
corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.
Paulo retorna
sua atenção à igreja como um todo ao escrever: “Regozijai-vos sempre no
Senhor.” À primeira vista, pode parecer estranho que alguém preso, limitado
em sua liberdade e aguardando um julgamento incerto, conclame outros a se
alegrarem continuamente. No entanto, essa exortação brota de uma compreensão
profunda da vida cristã e revela uma verdade essencial: nossas atitudes
interiores não precisam — e muitas vezes não devem — refletir as circunstâncias
exteriores.
Mesmo na
prisão, Paulo estava cheio de alegria. Não era uma alegria superficial ou
dependente de conforto, mas uma alegria fundamentada em uma certeza inabalável;
independentemente do que acontecesse, Jesus Cristo permaneceria com ele. Essa
convicção sustentava seu coração e lhe dava serenidade em meio à adversidade.
Da mesma
forma, os crentes de todas as épocas enfrentam situações que, humanamente
falando, não produzem felicidade. As perdas, provações, lutas e preocupações são
inevitáveis em nossa vida. Mas Paulo nos lembra que, embora nem sempre possamos
estar felizes, podemos sempre nos regozijar. A felicidade muitas
vezes depende das circunstâncias; o regozijo, porém, nasce da comunhão com o
Senhor.
Regozijar-se
no Senhor é encontrar prazer, força e esperança nEle. É lembrar que Cristo é
imutável, que Sua graça é suficiente e que Sua presença permanece constante.
Assim, mesmo em meio aos dias difíceis, há um motivo permanente para louvar: o
Senhor é fiel, e quem tem o Senhor tem sempre uma fonte de alegria que o mundo
não pode remover.
A alegria
interior nem sempre pode ser percebida externamente, pois ela acontece no
íntimo do coração. Entretanto, as atitudes que demonstramos para com os outros
são facilmente vistas e revelam muito sobre quem somos. Por isso, Paulo orienta
os filipenses a permitir que “a vossa moderação seja conhecida de todos os
homens.” Em outras palavras, que o caráter de Cristo, expresso em atitudes
gentis e cuidadosas, fosse visível a todos.
Eles deveriam
cultivar um espírito tratável, ou seja, alguém que não responde com dureza, mas
com paciência e equilíbrio. Deveriam ser justos, reconhecendo o direito e a
necessidade do próximo, e caridosos, prontos a agir com bondade mesmo quando
não fosse merecido. Essa postura não é fruto apenas de esforço humano, mas
nasce de um coração transformado pelo evangelho.
Paulo lembra
que a motivação para tamanha consideração não está apenas no bem-estar
comunitário, mas em uma verdade eterna: o Senhor está perto; seja em Sua
presença constante com o crente, seja na iminente expectativa de Sua segunda
vinda. A consciência de que Jesus retornará em breve deve moldar nosso
comportamento. A esperança da vinda do Senhor inspira os crentes a viverem com
responsabilidade, mansidão e amor, sabendo que suas ações refletem o caráter do
Rei que está por voltar.
Assim, a
promessa da volta de Cristo não é apenas um consolo futuro, mas um incentivo
presente para uma conduta cuidadosa, equilibrada e marcada pela graça.
Após exortar
os crentes à alegria e à moderação, Paulo dirige-se agora a uma das batalhas
mais frequentes do coração humano: a ansiedade. Ele diz: “Não andeis
ansiosos por coisa alguma.” Essa instrução não ignora a realidade das
preocupações diárias, mas aponta para um caminho mais elevado. A ansiedade é um
peso que tenta dominar nossos pensamentos e roubar nossa paz, mas Paulo nos
lembra que não precisamos carregá-la sozinhos.
Em vez de
permitir que a inquietação tome o controle, somos convidados a apresentar tudo
a Deus. Tudo. Desde as necessidades mais simples até os temores mais
profundos. Isso deve ser feito “em oração e súplicas, com ações de graças”. A
oração abre o coração diante do Pai; a súplica expressa nossa dependência; e a
gratidão recorda a fidelidade de Deus já demonstrada no passado. A gratidão
transforma a oração: em vez de apenas pedir, reconhecemos quem Deus é e o que
Ele já fez.
Esse movimento
espiritual de entregar e agradecer, é o antídoto divino para a ansiedade. Cada
vez que colocamos nossas inquietações diante do Senhor, depositamos aos pés
dEle aquilo que não somos capazes de resolver sozinhos, confiando que seus
cuidados são infinitamente melhores do que nossas tentativas de controle.
E quando
confiamos ao Senhor todas as nossas preocupações, algo extraordinário acontece:
“a paz de Deus, que excede todo entendimento, guardará os vossos corações e
os vossos pensamentos em Cristo Jesus.” Essa paz não é fruto de
circunstâncias favoráveis, mas da própria presença de Deus atuando no íntimo do
crente. Ela ultrapassa qualquer explicação lógica, pois é uma paz que se
manifesta justamente onde o mundo esperaria inquietação.
Essa paz age
como um guarda vigilante. Ela se coloca como sentinela à porta do coração e da
mente, protegendo-nos contra a ansiedade, o medo e a dúvida. Não é uma paz
passiva, mas ativa — uma paz que vigia, defende e sustenta.
E essa
proteção só é possível “em Cristo Jesus”. Ele é o fundamento da nossa
segurança, o mediador da nossa paz e a âncora da nossa esperança. Estando
unidos a Cristo, recebemos essa paz que o mundo não pode dar nem tirar.
Assim, Paulo
nos mostra um caminho espiritual: transformar a ansiedade em oração, a súplica
em gratidão e, como resposta, experimentar a paz que vem do próprio Deus. Uma
paz que guarda, conforta e transforma.
2. JESUS SEMPRE SE MOVIA DE
ÍNTIMA COMPAIXÃO DIANTE DA MULTIDÃO.
Mateus 9.36 — E, vendo a
multidão, teve grande compaixão deles, porque andavam desgarrados e errantes
como ovelhas que não têm pastor.
Onde quer que
Jesus fosse, as multidões se aglomeravam ao Seu redor. Vinham de todas as
partes, com suas dores, dúvidas, necessidades e esperanças. E, ao olhar para
tanta gente sofrida, o coração de Jesus se movia profundamente. O texto diz que
Ele “teve compaixão deles”. Essa palavra, no original, expressa não
apenas um sentimento, mas uma emoção intensa, que brota das profundezas do ser;
a misericórdia divina em ação.
Essa compaixão
de Jesus refletia o próprio caráter de Deus. Não era pena distante, mas dor
compartilhada; não era simples emoção, mas o impulso de quem ama tanto que não
pode permanecer indiferente. Ele via além das aparências. Jesus enxergava
corações cansados, feridos, confusos, esmagados pela vida.
O profeta
Ezequiel já havia descrito Israel como ovelhas sem pastor (Ez 34.5–6):
criaturas vulneráveis, expostas ao perigo, sem direção, presas fáceis para
lobos e abismos. E foi exatamente isso que Jesus viu. O povo estava “desgarrado
e errante” — palavras que reforçam o profundo desamparo daqueles que vivem
distantes de Deus, tentando enfrentar a vida sem orientação, sem proteção e sem
esperança verdadeira.
Diante desse
quadro, Jesus não apenas sentiu compaixão — Ele veio para ser o Bom Pastor.
Aquele que reúne, guia, protege e cura. Aquele que conhece cada uma de Suas
ovelhas pelo nome e sabe exatamente onde elas estão. Ele veio para mostrar o
caminho seguro, para conduzir as pessoas longe das armadilhas da vida,
livrá-las das ciladas do inimigo e conduzi-las às pastagens da graça.
Assim, em
Mateus 9.36, não vemos apenas o olhar de Jesus sobre uma multidão, mas o olhar
de Deus sobre toda a humanidade: um olhar cheio de misericórdia, disposto a
buscar, salvar e restaurar cada pessoa que anda perdida.
A Igreja deve
olhar o mundo com os olhos de Jesus. Jesus não via apenas números, mas pessoas
reais, com dores reais.
A igreja precisa recuperar esse olhar compassivo e enxergar as multidões não
como estatísticas, mas como almas preciosas.
A Compaixão
não é opcional, é característica essencial. Jesus era movido por misericórdia. A
igreja deve ser marcada pelo mesmo coração sensível, que se importa, se
aproxima e age. Onde não há compaixão, não há verdadeiro ministério.
O mundo está
desorientado e vulnerável. Assim como no tempo de Jesus, as pessoas hoje
continuam como ovelhas sem pastor:
confusas, solitárias, inseguras, feridas, enganadas por falsas vozes.
A igreja
precisa reconhecer essa realidade e oferecer direção segura baseada na Palavra.
A igreja deve
assumir o papel de cuidado pastoral. Jesus veio como o Bom Pastor, e a igreja é
chamada a refletir Seu cuidado: orientando, ensinando, protegendo, restaurando,
acolhendo. Não é apenas responsabilidade dos pastores; é missão de todo corpo
de Cristo. Jesus não só sentiu; Ele fez. A igreja também não pode apenas
observar; deve intervir, ajudar, discipular, evangelizar e servir. Compaixão
verdadeira é prática. O ensino fiel da Palavra é urgente. Ovelhas dispersas são
facilmente enganadas. A igreja precisa proclamar a verdade com clareza, firmeza
e amor, oferecendo direção espiritual sólida para um mundo em confusão.
3. AS LÁGRIMAS DE JESUS E O
CORAÇÃO DE DEUS DIANTE DA MORTE.
João 11.35 — Jesus chorou. João
11.36 — Disseram, pois, os judeus: Vede como o amava.
As lágrimas de
Jesus diante do túmulo de Lázaro revelam verdades imensas sobre o coração de
Deus, a natureza do pecado e a missão redentora de Cristo. Jesus chorou porque
conhecia a origem da dor humana
A morte não
fazia parte do plano original de Deus, ela entrou no mundo por causa do pecado
(Rm 5.12), e, diante dessa realidade, Jesus contempla mais do que a morte de um
amigo; Ele vê: a destruição causada pelo pecado, a corrupção trazida pela
queda, a tirania com que Satanás escraviza a humanidade. Jesus sente a
malignidade da usurpação satânica, que introduziu morte, medo e sofrimento na
criação. Suas lágrimas revelam o coração de Deus diante da devastação que o
pecado causou no ser humano que Ele criou com amor.
Ele
experimenta a dor humana, mas sem ser dominado por ela. A entrada do pecado
gerou no mundo um caos moral e emocional, uma anarquia espiritual que feriu as
estruturas mais profundas da alma humana. Jesus, sendo plenamente humano, sente
o peso dessa realidade, mas, diferentemente de nós, sente sem pecado. Ele não
sente desespero, incredulidade ou perda de controle.
O que brota
dEle é: compaixão perfeita, indignação santa, tristeza pura, dor solidária.
A “ira sem
pecado” de que muitos comentaristas falam é Sua repulsa diante da obra
destrutiva do mal.
Jesus chora
como Homem, mas age como Deus. As lágrimas de Cristo não são expressão de
fraqueza, mas de amor ativo. Ele chora com Marta, Maria e com todos os que
sofrem, mas Suas lágrimas são acompanhadas de poder e propósito. Ele sente como
homem, Ele socorre como Deus.
Sua emoção é
nobre, não desordenada. Ele chora porque: ama, se compadece, se identifica, e
está prestes a agir com autoridade divina.
Suas lágrimas
anunciam que a morte está prestes a ser confrontada e derrotada.
Ele ainda
caminha entre os que choram.
O Jesus que
chorou no túmulo de Lázaro é o mesmo que hoje: consola corações, sustenta
famílias enlutadas, se compadece das nossas fraquezas, sente conosco cada dor.
Hebreus 4.15
declara que Ele é tocado pelos sentimentos das nossas aflições.
Ele não
observa de longe: Ele se aproxima, compartilha e cura.
A
possibilidade de que Jesus tenha chorado ao chamar Lázaro de volta. Alguns
intérpretes antigos sugerem que Jesus chorou também porque estava chamando
Lázaro de volta: da glória à imperfeição, da imortalidade à mortalidade, da
bem-aventurança à vida marcada pelo sofrimento.
Embora essa
interpretação não seja explicitamente bíblica, ela não contradiz o contexto,
pois ressalta: o contraste entre a glória eterna e a vida atual, a consciência
de Jesus sobre o destino do homem, a profundidade da compaixão divina.
Mesmo sabendo
que Lázaro voltaria a viver, Jesus entende que Lázaro teria de experimentar de
novo o sofrimento deste mundo antes de, finalmente, entrar no descanso eterno.
João 11.35–36
nos mostra um Cristo que: chora como homem, sofre pelos efeitos do pecado,
rejeita a tirania da morte, age como Deus, se compadece de cada dor humana, e
promete vitória final sobre a morte.
Suas lágrimas
não são sinal de fraqueza, mas de um amor tão profundo que se envolve com a dor
humana para, em seguida, vencê-la com poder divino.
Pastor Adilson
Guilhermel
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