Texto Áureo: “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (1Co 6.19).
Leitura Bíblica em Classe: 1 Coríntios
3.16,17; 6.15-20.
Introdução: Muitos,
por falta de entendimento, usam o texto de Ageu 2:9 — “A glória da segunda casa será maior do que a da
primeira” — aplicando-o a templos físicos, como se Deus estivesse falando de
prédios maiores ou mais bonitos. Mas o verdadeiro sentido dessa promessa é espiritual e muito mais profundo. A
“primeira casa” foi o templo de Jerusalém, onde a glória de Deus se manifestava
de tempos em tempos. Já a “segunda casa” aponta para algo muito maior: o crente salvo em Cristo, que se
tornou morada permanente do Espírito
Santo. Hoje, Deus não habita em construções de pedra, mas em corações regenerados. A glória que
antes enchia o templo agora habita
dentro de nós, e por isso, a glória da nova casa — a vida do crente
cheio do Espírito — é realmente maior do que a da antiga. Em Cristo, a presença
de Deus não vem apenas para visitar, mas para permanecer. Essa é a verdadeira glória da segunda casa: Cristo em nós, a esperança da glória
(Cl 1:27). E é justamente sobre essa realidade espiritual que o apóstolo Paulo
fala em 1 Coríntios 3:16, quando
afirma: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus
habita em vós?” Assim como a glória de Deus habitava no templo do Antigo
Testamento, hoje o Espírito Santo
habita em cada crente, unindo todos como um só corpo em Cristo. Essa
verdade nos chama à unidade, à
santidade e à consciência de que somos o santuário de Deus na Terra.
1. NÓS SOMOS A IGREJA O TEMPLO VIVO DE
DEUS.
1 Coríntios 3.16 — Não sabeis vós que
sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? 1 Coríntios 3.17
— Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de
Deus, que sois vós, é santo.
A Igreja não é um prédio,
uma denominação ou uma organização humana — é o povo de Deus reunido pela fé em Cristo. Deus não habita em
templos feitos por mãos humanas (At 17:24), mas habita em seu povo, pela presença do Espírito Santo. Devemos
valorizar mais o ser Igreja do
que o frequentar uma igreja.
Cada membro é parte essencial da morada de Deus na Terra. A Igreja só é viva e
poderosa quando o Espírito Santo está
presente e atuante.
Não é a estrutura, a eloquência, nem os programas que sustentam a Igreja, mas a
presença do Espírito que dá
poder, direção e unidade. As divisões internas — por vaidade, ciúmes, política
ou disputas doutrinárias — corroem a
santidade e a força espiritual da Igreja. Quando líderes e membros
colocam seus próprios interesses acima do amor e da unidade, estão danificando o templo de Deus. A Igreja
de hoje deve rejeitar o espírito de partidarismo e cultivar a humildade, o perdão e a comunhão verdadeira. A unidade
é mais importante do que as preferências pessoais. O Deus que habita em nós é santo, e Ele exige que seu povo também
o seja.
Santidade não é isolamento do mundo, mas dedicação total a Deus — em caráter, adoração e serviço. A Igreja
contemporânea deve refletir o caráter
santo de Deus em tudo: no comportamento dos líderes, nas decisões, nos
relacionamentos e no testemunho público. Quem causa divisão, escândalo ou
destrói a comunhão da Igreja está
tocando no que é santo. A Igreja precisa ensinar com clareza que dividir é pecado, e que a disciplina e o arrependimento são
necessários para preservar o corpo de Cristo. A unidade espiritual é a maior prova da presença de Deus.
Quando o mundo vê uma Igreja amorosa, unida e guiada pelo Espírito, vê o próprio Cristo refletido nela. A
Igreja precisa voltar a ser testemunho
visível do amor e da presença de Deus no mundo — não apenas pela
pregação, mas pelo modo como seus membros se tratam.
2. OS PROBLEMAS MORAIS NA IGREJA DE
CORINTO.
1 Coríntios 6.15 — Não sabeis vós que os
vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo e
fá-los-ei membros de uma meretriz? Não, por certo. 1 Coríntios 6.16 — Ou não
sabeis que o que se ajunta com a meretriz faz-se um corpo com ela? Porque
serão, disse, dois numa só carne. 1 Coríntios 6.17 — Mas o que se ajunta com o
Senhor é um mesmo espírito. 1 Coríntios 6.18 — Fugi da prostituição. Todo
pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o
seu próprio corpo.
Havia sérios problemas
morais na igreja de Corinto. A cidade era um dos principais portos do mundo
antigo, localizada em uma rota comercial estratégica entre o mar Egeu e o mar
Jônico. Corinto era rica, populosa e cosmopolita, com grande movimentação de
comerciantes, marinheiros e trabalhadores, o que favorecia um ambiente de
decadência moral e libertinagem.
No alto da acrópole da
cidade ficava o templo da deusa grega Afrodite, deusa do amor e da
sensualidade.
De acordo com registros
históricos, cerca de mil prostitutas sagradas serviam nesse templo. Elas se
prostituíam como parte dos rituais religiosos, arrecadando dinheiro “em nome da
deusa”.
A prática era tão comum
que o verbo “corintianizar” (korinthiazesthai) passou a ser usado na cultura
grega como sinônimo de “viver de forma imoral ou dissoluta.”
Infelizmente, essa
influência pagã havia alcançado a igreja. Alguns dos novos convertidos, antes
acostumados a essa cultura, continuavam frequentando as prostitutas do templo,
talvez sob a falsa ideia de que o corpo e o espírito eram independentes — uma crença
herdada da filosofia grega dualista.
É nesse contexto que Paulo
escreve sua advertência firme: “Não sabeis vós que os vossos corpos são membros
de Cristo?... Fugi da prostituição.” (1 Co 6:15,18)
Ele lembra aos coríntios
que o corpo do cristão pertence a Cristo e é templo do Espírito Santo, não
podendo, portanto, ser usado para o pecado.
A mensagem de Paulo é
direta e libertadora: o evangelho não apenas perdoa o passado, mas transforma o
presente, chamando o crente a uma nova vida de santidade e pureza diante de
Deus.
Cada crente é parte do corpo espiritual de Cristo, do qual
Ele é a Cabeça (Ef 1:22-23). Isso significa que o corpo físico do cristão não é
algo isolado da vida espiritual, mas um
instrumento através do qual o Senhor deseja agir no mundo. O corpo do
crente é, portanto, sagrado,
pois foi unido a Cristo pela redenção. O cristão não pertence mais a si mesmo;
foi comprado por preço (1 Co
6:20) e agora vive para glorificar a Deus até em seu corpo. Enquanto o
pensamento grego via o corpo como algo inferior ou até mesmo um obstáculo para
a alma — uma prisão da mente — e o pensamento romano o reduzia a um meio de
poder, prazer ou domínio, o Novo Testamento eleva a dignidade do corpo humano.
A fé cristã ensina que o
corpo faz parte da criação boa de Deus e que, em Cristo, ele é santificado e
destinado à ressurreição e glória. O corpo do crente é, assim, membro vivo de
Cristo e templo do Espírito Santo. Isso nos lembra que não há espaço para o uso
indevido do corpo em práticas impuras, pois tal atitude profana aquilo que
pertence ao Senhor.
Nosso corpo foi dado para
servir a Cristo, refletir Sua santidade e manifestar Sua presença no mundo. Aqui,
ele revela o propósito santo da nossa união com Cristo. O crente foi chamado a
uma comunhão espiritual e exclusiva
com o Senhor, onde corpo, alma e espírito estão consagrados para glorificá-Lo.
Quando o cristão entende que seu corpo
é membro de Cristo, ele reconhece que não pode dispor dele segundo os
desejos da carne, mas deve usá-lo como instrumento
de justiça e adoração.
O apóstolo afirma uma
verdade espiritual imutável: quem se
une ao pecado se afasta da comunhão com Cristo, pois entrega a um ato
impuro aquilo que pertence ao Senhor. “Mas o que se une ao Senhor é um mesmo
espírito com Ele.” A fornicação, portanto, não é apenas um erro moral — é uma violação espiritual, pois compromete a
pureza do templo de Deus e fere a comunhão com o Espírito Santo.
A união sexual fora do
casamento é uma falsificação da aliança que Deus instituiu. Mas aquele que se
une ao Senhor, pela fé e obediência, experimenta a verdadeira união que gera
vida, santidade e comunhão permanente com Cristo. Depois de apresentar o
contraste entre a união de um homem com uma meretriz e a união espiritual do
crente com Cristo, Paulo reforça sua advertência com uma ordem direta: “Fugi da
prostituição.” O verbo “fugir” está no imperativo
presente no original grego, indicando uma ação contínua e urgente — fugir sempre, sem hesitar. Fugir
significa correr do perigo, afastar-se imediatamente da tentação,
não permitir que o pecado encontre terreno para crescer. Paulo sabe que a fornicação é um pecado que não se discute,
nem se raciocina. Enquanto alguns pecados podem ser combatidos de
frente, com resistência e argumentação, a
imoralidade sexual exige fuga imediata. A atitude do cristão deve ser
como a de José na casa de Potifar:
quando a tentação se aproximou, ele correu
(Gn 39:12). Essa é a única forma segura de preservar a pureza — retirar-se rápida e decididamente de qualquer
situação que leve ao pecado. A razão da advertência de Paulo é clara: o
pecado sexual tem um efeito único e
devastador sobre a pessoa. “Todo pecado que o homem comete é fora do corpo;
mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo.” (1 Co 6:18) Outros
pecados, como o roubo ou o assassinato, são praticados por meio do corpo, mas a
fornicação atinge o corpo como o próprio centro do pecado.
Ela fere a dignidade
humana, macula o templo do Espírito Santo e corrompe o propósito sagrado do
corpo, que foi criado para a glória de Deus. Na fornicação, a pessoa se reduz à
condição puramente carnal, desprezando o valor espiritual de sua própria vida.
A prostituta, por exemplo, nega seu valor intrínseco ao colocar preço em seu
corpo e vendê-lo como mercadoria — mas, em troca, perde mais do que ganha,
porque nada pode compensar a perda da pureza e da honra.
Da mesma forma, o homem
que participa desse ato rebaixa sua dignidade, tratando o corpo, que pertence a
Cristo, como algo descartável.
Paulo mostra que a
imoralidade sexual destrói por dentro.
Enquanto outros pecados
ferem de fora, a fornicação mutila a alma, desafia a santidade de Deus, degrada
o próximo e corrompe a própria pessoa que a pratica.
É um pecado que apaga a
sensibilidade espiritual e endurece o coração, rompendo a comunhão com Cristo e
ofendendo o Espírito que habita em nós.
3. O CORPO DO CRISTÃO COMO UM SANTUÁRIO.
1 Coríntios 6.19 — Ou não sabeis que o
nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de
Deus, e que não sois de vós mesmos? 1 Coríntios 6.20 — Porque fostes comprados
por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os
quais pertencem a Deus.
Existem várias maneiras de
uma pessoa enxergar o seu próprio corpo. Ela pode mimá-lo e idolatrá-lo,
transformando-o em um objeto de vaidade. Pode desprezá-lo, vendo-o com vergonha
ou repulsa. Pode usá-lo como uma máquina de trabalho, reduzindo sua existência
à produtividade. Pode vê-lo como uma arma de poder, usando-o para dominar ou
impressionar os outros. Ou ainda pode dedicá-lo aos prazeres carnais,
transformando-o em um instrumento de vício e degradação.
E João explica: “Ele
falava do templo do seu corpo.” (João 2:19–21)
Da mesma forma, Paulo já
havia chamado a igreja como corpo coletivo de Cristo de “templo de Deus” (1 Co
3:16). Agora, ele aplica essa imagem ao crente individual, mostrando que cada
discípulo é uma morada viva do Espírito.
Quando o Espírito Santo
habita no corpo, este deixa de pertencer ao homem. Por isso, Paulo afirma: “Não
sois de vós mesmos.”
O cristão foi comprado por
preço, resgatado pelo sangue de Cristo, e, portanto, pertence a Deus em corpo e
espírito.
É como se tivesse assinado
uma entrega total de posse ao Senhor — uma transação espiritual definitiva. A
palavra significa um pagamento que resulta em uma mudança de proprietário.
O Espírito Santo é uma
dádiva que Jesus enviou para estar em nós e não pode habitar em um santuário
impuro. Por isso, o crente é chamado a manter seu corpo santo, separado do
pecado e consagrado à glória de Deus. A pureza não é apenas uma escolha ética,
mas uma exigência da presença divina que habita em nós.
Depois de advertir os
crentes contra a imoralidade e de lembrá-los que seus corpos pertencem a
Cristo, Paulo encerra com uma nota positiva e transformadora: “Glorificai,
pois, a Deus no vosso corpo.”
A pureza cristã não se
resume somente a evitar o pecado, mas também a viver de modo que cada parte do
nosso ser reflita a glória de Deus.
Manter o corpo afastado da
imoralidade é essencial, mas isso não deve nascer apenas de uma obediência fria
ou de um legalismo negativo.
Antes, deve fluir de um
coração cheio de gratidão e devoção, consciente de que fomos comprados por um
alto preço — o sangue precioso de Cristo.
Glorificar a Deus no corpo
é reconhecer que ele é instrumento de serviço e adoração, e não de prazer
egoísta.
É usar cada gesto, palavra
e atitude como expressão de louvor Àquele que nos redimiu.
E Paulo amplia esse
princípio ao dizer que também devemos glorificar a Deus no espírito, pois tanto
o corpo quanto o espírito pertencem a Ele.
Assim, o cristão é chamado
a viver em inteira consagração: em ato, motivo, conduta e intenção, tudo deve
apontar para o Senhor. Essa é a mais alta vocação da vida cristã — refletir a
glória de Deus em tudo o que somos e fazemos.
“Porque dele, e por ele, e
para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente.” (Rm 11:36)
Pastor Adilson Guilhermel. Th.M
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